Apesar de as chuvas regulares terem começado a pouco mais de um mês, é preciso se planejar agora para a próxima seca. Se antecipar para a próxima estiagem, minimiza a exposição a volatilidade de preços e reduz os riscos do negócio.
Desse modo, o assunto ganha ainda mais importância pelo atual momento em que estamos vivendo, com os preços da arroba que chegou a patamares nunca vistos. À primeira vista essa elevação poderia indicar, intuitivamente, um aumento da lucratividade do pecuarista. A verdade é que não é bem assim. O aumento dos preços da arroba puxa os custos de toda a cadeia produtiva, desde a reposição de bezerro, até o milho que é utilizado na ração. É preciso muita atenção para não acabar entrando no negócio em um momento de euforia. A história do agronegócio nacional já presenciou algumas vezes esse efeito, com diversos produtores aventureiros que acabaram sem o retorno esperado.
Nesse contexto, um bom planejamento para mitigar os riscos da atividade nunca fez tanto sentido. Além da mitigação de risco de mercado com a aplicação de hedge no mercado a termo e no mercado futuro, o produtor pode se proteger dos riscos climáticos com um bom planejamento do rebanho.
Por onde começar?
Na verdade, a conta é bem simples. Mas precisamos de dados confiáveis para executar essa tarefa de forma bem-feita.
Primeiro, projeta-se o rebanho futuro. O pecuarista precisa prever a entrada e saída dos animais ao longo do ano, além da projeção do ganho de peso. No caso da cria, estabelecer estratégias de concentração de nascimento dos animais e organizar o melhor período para estação de monta. No caso da recria e engorda, é preciso se programar quanto a época ideal de compra e venda de animais.
Com a projeção das categorias e do número de cabeças ao longo do ano, pode-se orçar a demanda de alimentos.
Para isso, é fundamental conhecer a capacidade de produção de alimentos dentro da fazenda.
Após o balanço, caso a produção não seja suficiente, busca-se alternativas para ajustar a capacidade de suporte da fazenda à projeção do rebanho. Dentre as alternativas mais comuns podemos citar a vedação de pastos no terço final do período chuvoso, a produção de silagem, a sobressemeadura com forrageiras de inverno, a irrigação, a adubação nitrogenada, a compra de ração e volumosos e a venda de animais.
Exemplificando:
Para exemplificar esse planejamento, fiz uma simulação com os dados reais de uma fazenda. Considerei a entrada de 30 bezerros desmamados no mês de julho, período de menor produção de biomassa e um GPD de 0,8 kg/cabeça. A área possui 5 hectares em sistema irrigado com rotação diária. Os mesmos animais serão mantidos por 365 dias na fazenda.
Os gráficos a seguir apresentam a dinâmica de crescimento da pastagem e dos animais ao longo do ano e seu efeito no excedente/déficit de forragem ao longo do ano.
É possível notar nos gráficos que, nessa estratégia adotada, as maiores demandas por alimentos coincidem com períodos de baixa produção de capim (abril, maio e junho). Como consequência, houve um déficit de alimentos na forma de pastagem. Nesse caso, seriam necessários a suplementação de 3 toneladas de volumosos para o pleno suprimento nesse período. Por outro lado, durante os meses chuvosos houve um acúmulo de quase 28 toneladas de biomassa. Desse excedente poderiam ser produzidos silagem, feno e a utilização de outras técnicas de conservação para evitar o desperdício.
Dito isso, fica a pergunta, como saber a capacidade de produção de alimentos dentro da fazenda?
Aos pecuaristas mais experientes, os anos de prática tem ensinado a determinar, com boa acurácia, a capacidade de suporte de seus pastos ao longo do ano. Essa capacidade, no entanto, é limitada para um grupo de pessoas.
Para os produtores mais novos, o Pasto Sempre Verde vem desenvolvendo uma ferramenta que pode facilitar a orçamentação de alimentos.
Dúvidas e críticas? Por se tratar de uma ferramenta muito recente, ainda estamos buscando aprimoramento. Qualquer contribuição será muito bem-vinda.