As causas do efeito chicote na logística

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Conforme prometido, abordaremos hoje algumas causas do “Bullwhip Effect” – o “Efeito Chicote”, para posteriormente tratarmos de consequências e medidas preventivas. (Se o termo lhe parecer estranho, não deixe de acessar o post sobre o fenômeno na página da InteliAgro!)

No primeiro post foi apresentado um exemplo simples de como variações na demanda no nível do consumidor final pode propagar-se de maneira catastrófica na rede de suprimentos – e note que tratou-se de apenas um único produto e apenas um player de cada setor da rede. Na prática, o grande número de produtos, varejistas, distribuidores, fabricantes e fornecedores, além de uma demanda e preços sujeitos a fatores externos à rede agravam ainda mais os impactos do Efeito Chicote. Analisemos possíveis causas.

Se olharmos novamente para a Tabela de demandas do exemplo, lembramos que ao perceber uma variação na demanda, o nível precedente não incrementa seu pedido apenas na quantidade suficiente para atender a demanda: ele percebe (um aumento consistente e faz um pedido grande o suficiente para elevar seus estoques. O problema é que esse “aumento” é percebido de maneira distorcida pelos elos da rede conforme caminhamos no sentido do Fornecedor.

chicote

 

Portanto, a falta de transparência ou ineficácia na troca de informações de demanda favorece a formação do Chicote.

Mas e se um dos elos  optar por deliberadamente “esconder” a sua demanda real do elo anterior? Essas situações são mais comuns do que se imagina:

  • Compras em lotes maiores para baratear custos de transporte
  • Compras de grandes quantidades para ganhar poder de barganha de preços
  • Pedidos acima da necessidade real para compensar um desempenho insatisfatório do elo precedente

Essas estratégias podem baixar os custos no ato da compra, rendendo a algumas pessoas elogios e bônus. Funciona em uma compra pontual – por exemplo, um escritório compra um grande lote de cadeiras para renovar toda a sua mobília – mas não é recomendável quando se tem uma rede de fornecimento – um fluxo contínuo, ou seja, a empresa que fabrica os móveis não deve comprar um lote gigantesco de madeira sem esclarecer sua estratégia ao fornecedor.

Mais causas? Que tal as promoções? Você vai ao supermercado querendo comprar uma singela lasanha congelada para preparar uma refeição rápida. Ao chegar na gôndola, se depara com uma promoção “Leve 3 pague 2” e decide então comprar meia dúzia de lasanhas. Provavelmente você não vai voltar a comprar lasanhas tão cedo – provavelmente passará meses sem poder lembrar-se do sabor delas – mas o fabricante das lasanhas não sabe disso: ele só enxerga que o supermercado vendeu muitas lasanhas, o que parece indicar um aumento do consumo.

Podemos citar por fim os atrasos na disponibilidade de um produto por conta de embaraços aduaneiros, burocracia de compras e vendas e problemas de transporte quando opta-se por um fornecedor instalado fisicamente em um local muito distante: outra cidade, país ou continente. Conforme aumenta a distância e complexidade dos fluxos de material e informação, maiores os riscos de atrasos e faltas, o que força o comprador a tomar medidas já citadas anteriormente, ou mesmo optar por um fornecedor “spot”.

Mas vamos tratar disso quando falarmos das consequências do “Efeito Chicote”.

Os conceitos aqui expostos são aborados por CORREA, H. L., no livro GESTÃO DE REDES DE SUPRIMENTOS, Cap 8, pag233 à 235 Editora Atlas

3 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom o texto sr Schineider, ótimos exemplos e explicações bem elucidadas. Agora só falta eu conseguir te adicionar no linkdin (sua conta pede email de confirmação), rsrsrsrs.

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