As ações do Ministério Público Federal (MPF) na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) têm deixado os produtores rurais em alerta. O MPF, amparado em alguns estudos da Organização Mundial da Saúde tem pressionado a ANVISA a proibir a comercialização de diversos defensivos agrícolas, entre eles o glifosato, o Paraquate e o 2,4-D, sob a alegação de que estas moléculas causariam câncer.
O grande problema para a agricultura está no fato de que o manejo do plantio direto depende muito destas substancias e o banimento delas sem a devida apresentação de alternativas tão eficientes quanto, ocasionará uma migração em massa para o cultivo convencional, destruindo todos os avanços obtidos nas últimas décadas em produtividade e meio ambiente. E não para por aí. Segundo Fabrício Rosa, da Aprosoja Brasil, é necessário debater todos os efeitos negativos que o banimento trará à economia brasileira e explica: “A proibição do produto pode ter impacto de até 50% na produção nacional de grãos e fibras. Com isso a Balança Comercial terá um déficit na ordem de US$ 30 bilhões”. Sem cautela o Brasil deixará de ser exportador agrícola para virar importador, logo nos primeiros anos do banimento.
Evidentemente a esmagadora maioria dos agricultores e câmaras setoriais são a favor do uso seguro de defensivos agrícolas, todavia qualquer proibição do uso destes deverá ser feito em base de estudos conclusivos e bem fundamentados. Quando uma substância é homologada e colocada no mercado, ela passa por anos (e em muitos mais de 10 anos) de ensaios quanto a nocividade à saúde humana e de outros animais, atestando a sua segurança. Por isso qualquer revisão neste quesito deveria ser pontual e em situações conclusivas, principalmente naqueles casos em que os efeitos surgiram após longos prazos de acompanhamento. Rupturas abruptas alimentam a desconfiança de que os caráteres ideológicos estão se sobrepondo a lógica técnica e econômica do processo.