Breve análise do PIB agrícola em 2013/2014

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Espigas de milho

 

Apesar de o governo federal declarar que a economia vai bem, diariamente o mercado tem reajustado (para pior) as previsões do crescimento do PIB e da inflação. Obviamente esta retração também tem efeitos na agricultura, mas em menor intensidade. De 2012 para 2013, o PIB agrícola teve um crescimento de 7%, ante os 2,3% registrados por toda a economia. Já podemos afirmar que o campo não irá quebrar esta marca, mas pelo menos a agricultura não deve retrair este ano.

Dentre as principais lavouras , as que mais se destacaram (com crescimento ) em 2013 foram:

  • 1º Trigo  30,4%
  • 2º Soja  24,3%
  • 3° Milho 13%
  • 4° Cana de açúcar 10%

Mais uma vez o campo tem salvado a economia brasileira, mas se a agricultura não tiver papel de destaque na discussão eleitoral, chegará o momento que o agricultor não conseguirá mais carregar o país nos braços.

Pulverização paralela ou perpendicular à linha de plantio?

Qual o melhor  direção /sentido de pulverização em relação à linha de plantio?

Em uma operação de pulverização em área total de grandes culturas como soja, milho e trigo é inevitável o seu pisoteio causando pequenos danos na lavoura.

Com certeza você que faz parte do ramo agro já ouviu falar que o melhor sentido de pulverização é cruzando a cultura perpendicularmente e que é a forma que causa o menor percentual de pisoteio, mas será que isso é verdade?

Vamos quebrar alguns paradigmas!!!

Provaremos matematicamente que não é bem assim, para tanto partiremos do pressuposto de um plantio em linhas regulares e perfeitamente alinhadas, vejamos a seguinte figura para melhor ilustrarmos:Imagem1

Vamos supor agora que as linhas horizontais são linhas de plantio de uma cultura com espaçamento de “x” entre linhas e largura de do pneu “y” então vamos calcular a relação entre unidade linear pisoteada por área percorrida ilustrada nas áreas destacadas da ilustração acima:

  • 1º caso:
    •  Área transitada (pisoteada) = x*y
    • Comprimento de cultura pisoteada = y
  • 2º caso
    • Área transitada (pisoteada) =(x*z ) = x*(y/sen(β))
    • Comprimento de cultura pisoteada = (z) = y/sen(β)

Portando a relação de unidade de metro pisoteada por área percorrida será de (1/y) metros por metro².

Vamos aos números:

  • Espaçamento entre culturas 0,6 m;
  • Largura do pneu 0,5 m;
  • Ângulos:
    • 90º
    • 45º
    • 30º

Ângulo de 90º

Área de pisoteio = x*y = 0,6 *0,5 = 0,3 m²;

Linha pisoteada = 0,5 m;

Relação = 0,5/0,3 = 1,67 m/m²;

Ângulo de 45º

Área de pisoteio = x*z = 0,6 *(0,5/sen(45)) ≅ 0,42 m²;

Linha pisoteada = z =(0,5/sen(45)) ≅ 0,71 m;

Relação = 1,67 m/m²;

Ângulo de 30º

Área de pisoteio = x*z = 0,6 *(0,5/sen(30)) = 0,6 m²;

Linha pisoteada = z =(0,5/sen(30)) = 1 m;

Relação = 1,67 m/m²;

Portanto não importa a direção e sentido em que o pulverizador faça o seu trabalho, a relação de pisoteio sempre será o mesmo, lembrando as condições salientadas neste texto, para pulverização no mesmo sentido de plantio as condições devem ser verificadas em relação às bitolas e largura dos pneu de trato/pulverizador, em condições práticas ângulos muito fechados (próximos à zero) não são recomendados para áreas pequenas ou  com plantio realizados em curvas por que o talhão pode ser tão curto que o pulverizador pode não cruzar as linhas de plantio pisoteando-as  excessivamente. Vale lembrar ainda que o plantio realizado com piloto automático têm aumentado no Brasil realizando plantio perfeitamente alinhadas.

Pulverização à 90º (perpendicular) em relação às linhas de plantio pode trazer a desvantagem em relação ao número de manobras uma vez que o plantio normalmente são realizadas no sentido mais longo do talhão, salvo em condições topográficas adversas. Portanto se o plantio for realizado em área retangular no sentido mais comprido, então a pulverização será realizado no sentido menor aumentando a quantidade de manobras, então fique tranquilo se você resolver pulverizar diagonalmente pensando em melhoria no rendimento operacional.

Matematicamente falando, não existe diferença em relação ao pisoteio variando o sentido de pulverização, porém cada condição de campo são diferentes uma das outras em relação à topografia, curva de nível e formato do talhão então ,agricultor, utilize o bom senso, não existe alguém mais do que você que conheça sua própria área.

Você concorda? Escreva-nos.

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Colhedeira, colheitadeira ou colhedora?

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Com toda certeza você já ouviu falar dessas três formas. Qual a mais correta? Alguns autores dizem que as três estão corretas pelo fato do regionalismo ser um fator importante na geração de palavras. Pela sufixação o mais correto seria colhedora

Como você fala?

Como criar um mapa de aplicação a taxa variada

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Como foi visto no post anterior (Veja aqui), é possível fazer uma aplicação de adubos sólidos a taxa variável através da utilização de um mapa de necessidade de adubos. Por conta disso nesse post darei algumas guidelines para a confecção de um mapa de necessidade de adubos.

A primeira coisa que guia a adubação é a análise do solo.

Para uma adubação convencional que é feita através da média do talhão, são feitas algumas amostras ao longo do talhão e o material é misturado e analisado. Na adubação de taxa variada é necessário saber quais são as propriedades do solo em cada ponto. Sendo assim, é necessária uma amostragem em grade para mostrar exatamente quais são as diferenças em cada parte do talhão. Sugere-se amostrar a cada 50m.

Feito isso, sabendo-se as quantidades de P e K que existem no solo, é preciso saber qual a cultura será plantada e assim qual a necessidade de complemento de adubo para essas culturas. Já para o nitrogênio aplica-se o padrão na primeira safra.

Com isso o talhão já possui uma grade amostral e deve-se usar uma metodologia de interpolação espacial. A mais usada para solo é a krigagem ordinária. e assim tem-se um mapa de necessidade de adubos.

Simples, só isso?

Calma. Com certeza se você  está pensando que é inviável amostrar solo a cada 50m. Por isso que a aplicação a taxa variada deve ser inserida no contexto de uma mudança total de tecnologia e adoção de agricultura de precisão.

Não é possível amostrar todos os anos o solo dessa maneira, porém fazendo-se apenas uma vez e mantendo um controle dos dados do talhão com precisão ainda assim é possível criar mapas de necessidade de adubo.

Nos anos seguintes é necessário observar a produção dentro do talhão para correlacionar com maior gasto de nutrientes e guiar amostragens pontuais para locais com maior distorção.

Espera-se que em alguns anos, a área esteja sistematizada e os mapas de adubação possam ser feitos com base na análise do grande volume de dados e as respostas da cultura ao longo dos anos.

 

Máquina adubadora em taxa variável

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Você já ouviu falar na adubadora que faz aplicação de adubos sólido à taxa variável?

Há alguns anos atrás uma empresa nacional do setor agrícola inovou seu portifólio de máquinas e lançou uma adubadora de sólidos em linha automotriz para atender a demanda do setor agrícola, principalmente o canavieiro. A máquina quando utilizada para cultura da cana de açúcar é configurada com 10 linha para espaçamento de 1,50 m e pode ser ajustada também em plantio de linhas duplas de 1,50 x 0,90 m, método adotado em algumas usina de álcool e açúcar.

A outra configuração é a versão 15 linhas utilizada em culturas do algodão e cereais que possibilita uma largura de trabalho de 13,5 m. A vantagem deste tipo de equipamento em relação aos adubadores convencionais é que:

  • São máquinas automotrizes que elevam sua capacidade operacional em termos de velocidade de trabalho;
  • Possuem sistemas de transmissão hidrostática nas 4 rodas;
  • Possibilita aplicação em linha / localizado, diferentemente do aplicadores à lanço;

Além de tudo possui altíssima tecnologia embarcada que possibilita maior precisão na aplicação como:

  • Sistema de aplicação pneumática;
  • Controladores eletrônicos;
  • Sistema de calibração eletrônica;
  • Sistema guiado por satélite;

O maior diferencial fica por conta da taxa variável, através de mapas de fertilidade do solo ou mapas de produtividade dos talhões, georreferenciados, a serem adubados – o sistema eletrônico realiza sua leitura que permite a aplicação em taxas variáveis.

Uma pergunta, quem faz os mapas e como são gerados?

 Veja a resposta nos próximos dias.

Os segredos de como inovar na agricultura que você precisa saber

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segredo

Para começar vou escrever um segredo aqui que só você poderá saber:

O QUE ESTÁ SENDO FEITO HOJE EM DIA NÃO É O ÚNICO JEITO QUE FUNCIONA!

Quando trabalhamos com o agronegócio, com certeza já ouvimos que certos processos são feitos daquela maneira porque é a única que funciona. MENTIRA!

O mercado agrícola é muito conservador e ao mesmo tempo tem efeito manada, ou seja, há uma forte resistência à mudanças porém quando alguns players mudam e têm bons resultados, todos correm atrás.

O grande desafio está em conseguir unir tecnologia, processos e penetração de mercado em uma única solução.

O que vemos, de via de regra, em empresas ou pessoas que  tentam inovar na agricultura é que ou o conhecimento está nos processos agrícolas mas o conhecimento em tecnologias é deficiente ou o conhecimento em soluções tecnológicas é grande mas não há nenhum conhecimento em agricultura.

Sendo assim, ou os conhecedores dos processos agrícolas ficam desacreditados porque não conseguem implementar o que prometem ou os que dominam tecnologia lançam soluções que não se adaptam à realidade do campo. Isso gera um descrédito do setor em inovação e assim a penetração fica cada vez mais difícil.

O segredo do sucesso está em unir esses dois sujeitos inovadores que ainda não se conversam.

É essencial existir um terceiro sujeito que conviva entre estes dois mundos confortavelmente. Engenheiros Agrícolas são profissionais que deveriam desempenhar essa função. São capazes de entender o meio rural e ao mesmo tempo conhecem as tecnologias e como aplicá-las. Basta então encontrar os especialistas que irão realizar o processo.

Além disso, mapear os processos agrícolas para encontrar onde pode existir uma melhora é essencial. O setor ainda é muito rústico sem que hajam processos bem definidos, o responsável pela inovação precisa mapear e avaliar onde ele pode trazer benefícios.

A grande verdade é que não existe nenhum segredo para inovação no meio rural, apenas é necessário entender que os pontos que levantei são importantíssimos para que haja sucesso.

Você já trabalhou com inovação? Nos escreva!

O que é Bushel?

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bushel

Muitos que acompanham o agronegócio podem ver que as cotações de grãos são dadas em sacas. Quem acompanha ainda mais a fundo já pode ter notado que as cotações das bolsas americanas é dada em bushels.

O bushel não é nada mais do que uma unidade de medida imperial que em volume significa 35,24 litros. Como é utilizada para grãos e cada grão possui uma densidade, existe um valor em massa diferente para cada bushel. Um bushel de soja equivale a 27,215 kg, de trigo 22,215kg, de aveia 14, 515kg, de cevada 21,772 kg, de centeio de 25,410 kg, de milho de 25,401 kg e de sorgo de 22,679 kg.

Apesar de ser uma unidade um pouco confusa, o uso já fez com que seja fácil associar nos dias de hoje quantidades à unidade em questão.

 

Quando o chicote estrala

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Estoque da Amazon - fonte: Hypeness
Estoque da Amazon – fonte: Hypeness

Finalmente chegamos ao final de nossa triologia sobre o “Efeito Chicote”. Já tratamos sobre ‘o que é’, ‘de onde vem’ e hoje trataremos sobre ‘o que ele causa’. Uma abordagem simplificada para lhe convencer, de uma vez por todas, a fugir das chicotadas dolorosas deste fenômeno.

Ao observarmos os valores de nível de estoque em cada participante da nossa cadeia de suprimentos hipotética (veja post “Setor de compras funciona à base do chicote“), observamos não só números absolutos relativamente altos, mas também flutuações abruptas. Se você já trabalha com logística, deve entender no que esses dois comportamentos implicam:

Valores de estoques absolutos elevados

O raciocínio é simples: grandes volumes de estoques precisam de grande área de armazenagem. E área de armazenagem custa dinheiro. Isso por que não estamos falando de um mero espaço físico onde objetos são amontoados feito uma pilha de pedras (Ok…isso acontece muitas vezes… mas não é correto!). Falamos muitas vezes de um galpão de piso em alvenaria, estruturas porta-pallet, empilhadeiras, energia elétrica, circuitos CFTV, transporte interno, conferência, picking, WMS, e claro, pessoas para operarem cada um desses elementos.

A armazenagem é onerada ainda mais no caso de necessidades especiais dos produtos: câmaras climatizadas, refrigeradas ou de congelamento – caso onde o transporte também é diferenciado, portas corta-fogo (você nem imagina como são caras…), telas de segregação, segurança reforçada, distância mínima de outros tipos de produtos, entre outras.

Variações abruptas dos níveis de estoque

Uma vez definidas as necessidades operacionais e estruturais de armazenagem de um produto, é preciso dimensionar a operação. Não é difícil entender que quanto mais linear o volume de estoque, mais fácil quantificar cada elemento citado anteriormente. Quando há grande variação desse volume, duas situações podem ocorrer:

Superdimensionamento da operação: mão de obra, espaço e insumos ficam ociosos; os custos fixos se mantêm; a margem de ganho despenca.

Subdimensionamento da operação: mão de obra e insumos insuficientes para rodar a operação, causando sobrecarga e ‘correria’, aumentando as chances de ocorrências de erros e acidentes. Quanto ao espaço insuficiente – no caso de ser uma área alugada ou contratada de um operador logístico – pode ser cobrada a armazenagem “spot”, ou temporária, onde os preços são mais caros devido à urgência e uso de área não contratada previamente. Os efeitos de sub ou superdimensionamento podem ser aplicados também ao transporte.

As chicotadas doem em outros lugares: o relacionamento entre fornecedores e clientes se desgasta devido ao estresse, a eficiência global da rede de suprimentos cai, os consumidores são afetados com eventuais faltas de produtos e serviços. As cicatrizes também surgem: perda de clientes, problemas financeiros, gerentes logísticos descabelados.

É evidente que o cuidado no planejamento e a qualidade da informação em sua plenitude são grandes proteções contra o “bullwhip effect“. Lembre-se que o açoite dói não só em quem leva, mas também quem dá as chicotadas – se seu fornecedor tem problemas, você está em apuros! Então seja bonzinho e pense muito bem antes de usar um chicote em alguém!

Álcool ou gasolina?

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Todo mundo que tem um automóvel de passeio ouve isso semanalmente no posto. Álcool ou gasolina? Como escolho? Qual está mais barato? Qual faz meu carro ter maior autonomia?

Várias questões passam pela nossa mente na hora de abastecer e que precisamos fazer essa escolha. Existem várias maneiras de analisar qual é o mais vantajoso, vou tentar mostrar algumas delas e obviamente tentar convencê-lo de usar álcool ou etanol como dizemos hoje em dia!

O padrão que a mídia resolver impor é o cálculo do 70% do valor da gasolina para o etanol. Isso é algo um pouco difícil de aceitar porque tudo depende da eficiência de cada motor e não apenas do poder calorífico de cada combustível. Um exemplo de que esse cálculo é grosseiro é você abastecer seu carro com gasolina e testar o consumo do tanque e depois repetir com etanol. Coloque as distâncias em valor monetário e compare. Duvido que consiga esse resultado de 70% ao comparar os valores.

Mas além do benefício financeiro, porque eu prefiro usar etanol à gasolina?

Os motivos são muitos, vou listar alguns:

  • O etanol ajuda a limpar o sistema de alimentação de combustível do veículo;
  • Para cada 1MJ de energia fóssil usada é possível produzir até 8MJ de etanol;
  • O etanol consegue mitigar os gases do efeito estufa (uma vez que a cana usa CO2 para a fotossíntese – falarei mais disso em breve);
  • A geração de empregos na cadeia é muito maior do que na de combustíveis fósseis.
  • Entre outros.

Esses motivos me fazem pensam em usar o etanol sempre que chego ao posto, mesmo que ele não esteja com valor agradável aos nossos bolsos.

E você, prefere o que?

Mapeamento do regime de chuvas do primeiro trimestre de 2014

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O regime de chuvas no começo de 2014 foi totalmente atípico no país. Apesar de haver zonas com mais chuvas que o normal (Região Norte e Sul), a maior parte do país sofreu com uma seca severa.

Os mapas a seguir mostram o déficit de chuva de 2014 em relação a 2013 para os meses de janeiro, fevereiro e março:chuva_jan

chuva_fev

cuva_mar

É possível notar que os estados de São Paulo, Minas e Goiás foram os mais atingidos e isso refletiu mas safras de cana e grãos deste ano.

Quer entender melhor esses fenômenos? Escreva para nós!