Manejo eficiente e otimizado da irrigação

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Em abril deste ano escrevi aqui no InteliAgro um pequeno artigo  abordando o uso eficiente de água e energia em culturas irrigadas. O objetivo deste artigo é aprofundar a discussão neste assunto, focando em dois pilares da irrigação: equipamentos e manejo.

Esta escolha não foi feita por acaso.  Segundo o Plano Nacional de Recursos Hídricos, o aproveitamento médio da água destinada a  irrigação no país é de 64% e os outros 36% da água é perdida por problemas na infraestrutura hidráulica.

O custo energético da operação da irrigação pode alcançar 35% do valor total de produção. No mundo, a razão entre a quantidade de água efetivamente usada pela cultura e a quantidade retirada da fonte situa-se em torno de 37 %. Segundo alguns autores, o manejo racional da irrigação pode promover uma economia aproximada de 20% da água e de 30% da energia, sendo que neste último, 20% correspondem a economia de não haver aplicação excessiva de água e 10% ao dimensionamento e otimização dos equipamentos.

O termo eficiência é geralmente associado ao resultado obtido na transformação de um determinado recurso aplicado inicialmente. Na produção agrícola, assim como em qualquer outra atividade econômica saudável, procura-se o maior retorno financeiro a partir de cada unidade de recurso aplicado. É com esse tipo de eficiência que eu gosto de lidar no meu dia-a-dia e espero que o leitor nunca deixe este mote de lado. Obviamente temos que fazer o melhor com os recursos que temos disponíveis e sei que cada produtor e propriedade possuem características únicas, o que me afasta da tentação de querer lhe recomendar uma receita de sucesso pré-fabricada, todavia fico feliz em apresentar alguns conceitos que permitirão você refletir sobre o assunto.

O conceito de capacidade de água disponível no solo por muito tempo tem servido como critério para o manejo da irrigação, todavia suas limitações devem ser entendidas. A visão clássica do assunto, concebida na década de 1920, é a de que a água no solo está igualmente disponível para as plantas nas suas respectivas zonas radiculares, variando de um limite superior chamado de “capacidade de campo” até um limite inferior chamado de “ponto de murcha permanente” (PMP), sendo ambas consideradas características únicas e constantes de cada solo, independente da cultura ou clima. Este postulado pressupõe que as funções fisiológicas da planta permaneçam praticamente inalteradas por qualquer diminuição da quantidade de água disponível no solo até que o ponto de murcha permanente é atingido, fazendo com que a planta cesse abruptamente sua atividade fisiológica. Posteriormente foi verificado que a produtividade da planta acompanha diretamente a queda da umidade do solo, tornando ela suscetível a sofrer estresses hídricos e enormes quedas de produção antes de atingir o PMP.

A questão do que constitui a quantidade desejável de água para uma cultura é matéria de controvérsia, sendo que há três abordagens interessantes:

(1)   Os agrônomos estão frequentemente interessados em obter a maior produção por unidade de área cultivada;

(2)   Atingir a maior produção por unidade de água aplicada;

(3)   Como os economistas gostam de sugerir, a água somente deve ser aplicada até o ponto em que o lucro derivado do último incremento de água supere o valor necessário para concretizar esta aplicação.

Conforme já deixei explicito no início, eu tenho tendência em dar prioridade para a visão dos economistas, mas negligenciar as outras significa correr sérios riscos. Fisiologicamente, o vegetal tem necessidades hídricas diferentes nos diversos estágios do seu desenvolvimento e algumas culturas necessitam sofrer estresse hídrico para forçar e uniformizar a floração. Desta feita, algumas vezes temos que tomar decisões pontuais antieconômicas a fim de garantir o sucesso no final na colheita.

Existem diversas maneiras de saber quando e quanto irrigar, todavia a flexibilidade para tomar a ação é fundamental para o manejo eficiente da irrigação. Uma das maneiras para saber o momento certo de irrigar que atenda este requisito é monitorando a água no solo, seja pela umidade do mesmo ou pela tensão necessária para a planta extrair a água. Outra maneira é efetuar o balanço hídrico do solo utilizando informações meteorológicas para calcular a evapotranspiração de referência (ETo) do local e reposições efetuadas pela chuva.

De qualquer forma, é necessário que responsável pelo gerenciamento do sistema tenha tido algum treinamento técnico para efetuar o manejo correto da irrigação e das ferramentas de planejamento. Já é comum os fabricantes de equipamentos fornecerem cursos de treinamento para os funcionários e gestores de seus clientes, como parte de uma estratégia de oferecer serviços diferenciados em um mercado cada vez mais competitivo e inovador.

Para obter o melhor resultado na otimização da irrigação, visando a economia de água e energia e o aumento da produtividade é necessário ir além de tabelas escritas a mão. A startup da qual sou sócio fundador (HECTARE) está desenvolvendo um sistema de otimização que coleta automaticamente e em tempo real diversas informações relativas ao cultivo e é capaz de produzir recomendações de irrigação de altíssima confiabilidade e de fácil entendimento ao produtor.

Outro elo importante em tornar a irrigação eficiente está na escolha e manutenção dos equipamentos. Para quem irá implantar, além de escolher o sistema mais adequado para a cultura, é imprescindível que ele atenda às necessidades de irrigação nas condições mais extremas, mas tendo o cuidado para não superdimensionar o projeto, o que trará custos de implantação e operação desnecessários. Para quem já o tem, é necessário conhecer muito bem as rotinas de operação do equipamento e efetuar todas manutenções necessárias, colhendo os frutos de uma vida útil maior do sistema.

Finalmente, como teria dito Alfred Deakin (que foi Primeiro Ministro da Austrália no início do século passado e responsável por estabelecer a irrigação em seu país):
– “Não é a quantidade de água aplicada a uma cultura e sim a quantidade de inteligência à ela aplicada que determina o resultado – é muito mais devido a inteligência do que a água em todos os casos.”

Definitivamente eu concordo com ele.

Se você se interessa pelo assunto, me escreva!

O que significa NDVI e o qual sua relação com agricultura

NDVI é a sigla em inglês para Normalized Difference Vegetation Index que em uma tradução livre significa Índice de Vegetação da Diferença Normalizada. Explicando de forma prática, é um índice que analisa a condição da vegetação no campo através de sensoriamento remoto.

Existem inúmeros índices de vegetação, mas até o dia de hoje, mais de 40 anos depois da sua primeira aparição o NDVI é o mais popular e com maior número de aplicações. O primeiro trabalho científico usando o NDVI foi conduzido pelo Dr. John Rouse que era diretor do Centro de Sensoriamento Remoto da Texas A&M University em 1973 logo após o lançamento do LANDSAT 1, porém a formulação do índice foi feita em uma série de estudos de Compton Tucker da NASA alguns anos antes.

O índice é uma matemática de bandas espectrais que são captadas por sensores na maioria dos casos de uso do NDVI, satélites. A figura abaixo mostra as faixas do espectro que existe absorção de energia pelas plantas.


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É possível observar que os pigmentos das folhas são tratados na região do visível. Por exemplo, a maioria das folhas são verdes porque elas refletem mais nessa faixa do espectro da luz. Enquanto isso na vermelha (Red)  há uma grande absorção de energia. Já o infra-vermelho próximo (NIR) reflete a estrutura celular das plantas.

Por isso o NDVI é um ótimo indicativo do estado da planta porque leva em consideração a energia absorvida com a refletida na região que mostra a condição das estruturas celulares. A fórmula para o cálculo está abaixo:
NDVI_Traditional_Formula

 

Desta forma, as aplicações do NDVI na agricultura são inúmeras, por exemplo:

  • Monitoramento de culturas;
  • Detecção de secas;
  • Localização de pragas;
  • Estimativas de produtividade;
  • Modelagem hidrológica;
  • Mapeamento de culturas.

É importante ressaltar que o índice é um indicativo, para que os trabalhos de sensoriamento remoto produzam bons resultados faz-se necessária uma combinação de diversas fontes de informação para representar a condição da planta em campo.

Enfim, muito se fala do NDVI na agricultura e é possível ver que ele é algo bem simples de se entender e poderoso, porém é necessário critério científico na sua utilização para que não sejam gerados falsos resultados. Esse artigo teve o intuito de explicar rapidamente o NDVI para o público geral, caso você queira saber um pouco mais busque pelas minhas publicações científicas ou me escreva!

Inicia a colheita do milho safrinha na região sul de Goiás

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Safrinha de Milho 2014, Rio Verde – GO

Este mês teve início da colheita do milho safrinha na região centro oeste brasileira, considerada pelos especialistas agrícolas como o celeiro agro do Brasil. Semana passada estive visitando a região de Rio Verde localizada à 200 km sentido sudoeste de Goiânia e pude observar a movimentação da colheita do milho na região.

As expectativas de produção são boas, o tempo colaborou para quem realizou o plantio antecipado, porém para menor parte dos produtores que plantaram o safrinha mais tardiamente tiveram a produtividade prejudicada em função da estiagem ocorrida no início do ciclo da cultura.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, CONAB, o ultimo levantamento de safra, o estado apresentou aumento de 8,2% de área cultivada para o milho safrinha comparado com o ano passado que era de 830 mil hectares contra 900 mil hectares neste ano.

A produtividade também teve aumento na região de 2,3% em relação à 2013, atingindo em torno de 98 sacas por hectare em média para este ano. A produção total da região consequentemente será aumentada, estima-se que o estado produzirá algo em torno de 5,3 milhões de toneladas do grão, 10% a mais em relação ao ano passado.

A produção do estado para o safrinha concentra-se na região sudoeste que compreende principalmente os municípios de Rio Verde, Mineiros, Jataí e Chapadão do Céu. Segundo a Conab a colheita se estenderá até o final do mês de agosto.

Entenda o que é área de refúgio e porque deve ser feita no milho Bt

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Primeiro, precisamos entender o que é o Bt. Bt significa Bacillus Thuringiensis, uma bactéria que produz uma proteína com propriedades inseticidas. Este evento é isolado em uma planta que acaba adquirindo a propriedade e controlando certos tipos de lagartas sem a necessidade de inseticidas.

Segundo,  precisamos entender a seleção natural. este evento pode ser observado em diversas situações do nosso cotidiano. Por exemplo, é possível encontrar no mercado inseticidas domésticos com um preço um pouco mais elevado que prometem ,por exemplo, realizar o controle de baratas. Será que só esta fórmula funciona contra as baratas? Mas como é que controlavam esta praga antes de desenvolvê-la? Será que este inseto está criando alguma forma de resistência contra as formulações mais antigas?

Biotecnologia-Refugio-Milho-Bt-Convencional

Este evento se repete no meio rural. Hoje, as grandes desenvolvedoras de defensivos e sementes gastam milhões para promover a conscientização de seus clientes quanto ao uso indiscriminado de seus produtos. As ausência boas práticas rurais não afetam apenas o usuário do produto mas também o ambiente ao seu redor, podendo causar um grande transtorno nas fazendas vizinhas.

No manejo de ervas daninhas, por exemplo, temos o caso do glifosato. Herbicida de amplo espectro que controla a maioria das plantas invasoras. Devido ao grande uso do produto indiscriminadamente, sem a mistura de outros ativos complementares, nasceu uma geração de daninhas resistentes ao ativo. Com isto, hoje temos a necessidade de utilizar junto no tanque de aplicação outros produtos mais específicos que acabam por aumentar o custo da lavoura.

Voltando ao assunto da área de refúgio, podemos observar a mesma movimentação no milho quanto ao controle de lagartas feitas pela tecnologia Bt. Hoje existe uma movimentação à criação dela por parte das autoridades. Mas o que exatamente seria esta área de refúgio? Porque ela é tão essencial para manutenção desta tecnologia? Porque as grandes empresas provém grandes descontos nos milhos convencionais que serão utilizados nestas áreas?

A área de refúgio é uma pequena parte da lavoura em que não se planta milho bt. A presença dela, viabiliza o desenvolvimento de lagartas não resistentes à proteína Bacillus thuringiensis que por consequência propiciariam o cruzamento entre “lagartas resistentes vs lagartas não resistentes”, gerando descendentes susceptíveis à transgenia. Sem a área de refúgio, teríamos apenas o cruzamento entre lagartas resistentes, o que geraria uma próxima geração com 100% pragas resistentes ao Bt. Estas lagartas se proliferariam e iriam para as terras vizinhas, gerando um prejuízo não só para quem não faz este controle. Isto anteciparia o fim da aplicabilidade da tecnologia Bt e a tornaria obsoleta. Gerando à necessidade de aplicar inseticidas mais caros e que elevariam o preço da lavoura de milho.

A área de refúgio não é só uma preocupação das empresas de semente, que terão que investir mais e mais em novas tecnologias que virão para suprir as antigas. Ela é uma preocupação que visa a preservação do meio ambiente e do equilíbrio ambiental. Faça sua parte e mantenha a área de refúgio em sua propriedade!

Você conhece o Cropwat?

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Um dos assuntos que eu pretendo tratar com maior frequência no Inteliagro é o manejo de culturas irrigadas e o impacto positivo associado às boas práticas. Uma das ferramentas úteis para o planejamento da irrigação é o CROPWAT , que é um software gratuito desenvolvido e mantido pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

O CROPWAT  é baseado em duas importantes publicações técnicas da agência:  a nº 56,  Crop Evapotranspiration – Guidelines for computing crop water requirements e a nº 33, Yield response to water. Ele basicamente incorpora as informações e cálculos complexos destas publicações em uma interface gráfica amigável e fácil de manusear, tornando o planejamento da irrigação uma tarefa rápida e simples de realizar.

 

Com ele é possível:

  • Calcular a evapotranspiração de referência (Et0), as necessidades de água da cultura e a lâmina à ser aplicada;
  • Criar planos de irrigação em varias condições de manejo;
  • Avaliar os efeitos na produção da cultura pela chuva e seca e a eficiência de manejos de irrigação.

 

Como toda ferramenta de planejamento ele deve ser usado com cautela, já que o sistema trabalha com séries históricas de clima para calcular a Et0 e pode não representar cenários climáticos atípicos (como a seca que o sudeste tem enfrentado este ano), todavia já oferece um enorme salto na busca por um manejo otimizado de irrigação.

Cálculo diferencial na agricultura

Você se lembra ainda de cálculo diferencial e integral aprendido nas aulas de engenharia?

Já se perguntou onde poderíamos aplicar estes conceitos no nosso dia a dia? Eu já, mas se pensarmos com mais calma podemos ter uma visão diferente. Nas máquinas em geral foram desenvolvidas no auxílio do homem para executar suas tarefas, durante seu trabalho, executam movimentos mecânicos de várias formas.

Vamos abordar aqui um exemplo simples da mecânica clássica aplicando os conceitos de Cálculo diferencial, mais precisamente, taxas relacionadas. O problemas aqui poderia ser resolvido utilizando de conceitos da Dinâmica. Vejamos um exemplo de um pulverizador, ele possui barras articuladas movimentadas por auxílio de um atuador hidráulico que por sua vez é acionado por um fluxo de um fluido gerado por uma bomba hidráulica.

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Se a bomba hidráulica gera um fluxo de óleo para o cilindro hidráulico expandindo a uma velocidade constante que consequentemente empurrará a barra para abertura então qual será a velocidade tangencial na ponta da barra quando o cilindro estiver com uma determinada abertura ou a um determinado ângulo. Fácil de se calcular? Vamos para os dados da figura abaixo:

  • Fluxo de óleo = 125 x 10³ mm³/segundo;
  • Área do êmbolo do cilindro hidráulico = 2500 mm²;
  • Distância fixa “A” = 300 mm;
  • Distância fixa “B” = 900 mm;
  • Distância fixa “D” = 6000 mm;

Perguntando novamente, qual é a velocidade tangencial da ponta da barra quando o cilindro hidráulico “C” estiver com abertura de 700 mm?

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Primeiramente descobriremos a taxa de abertura do cilindro:

Volume do cilindro V = A x h

[dV/dt] = A.[dh/dt]

[dh/dt] = [dV/dt] /(A)

[dh/dt] = (125 x 10³) / (2500) = 50 mm/s

A taxa de variação ou velocidade do cilindro é de 50 mm por segundo;

Aplicando a lei dos cossenos determinamos o ângulo θ:

C² = A² + B² – 2.A.B.(cos θ)

700² = 300² + 900² – 2*300*900*cos θ

θ = 40,6º

Aplicando derivada na coordenada polar determinamos a velocidade angular instantânea em θ  (40,6º):

C² = A² + B² – 2.A.B.(cos θ)

2.C.[dC/dt] = -2.A.B.(-sen θ). [dθ/dt]

2*700*[50] = 2*300*900*{sen (40,6º)}*[dθ/dt]

[dθ/dt] = 0,199 rad/s

Para finalizar determinamos a velocidade tangencial na ponta da barra:

Sabemos que o arco de uma circunferência é determinado pelo produto do raio e do ângulo em radianos e que a variação do arco é a própria velocidade tangencial, considerando raio como o comprimento “D” da barra:

Arco = R x θ

[dArco/dt] = R x [dθ/dt]

V = 6000 x 0,199

V = 1195,3 mm/s

Não foi a toa que Leibniz, Newton e outros filósofos, como eram denominados na época, desenvolveram a ferramenta matemática que tanto se aplica hoje na engenharia, física clássica, física moderna, economia, química e entre outros. Seria difícil calcular este tipo de problema sem os conceitos de Cálculo Diferencial, estudamos esta ferramenta para simplificar a nossa vida e não para complicar nos, exceto nos dias de prova, não é verdade? Você concorda?

7 simples passos para você monitorar uma fazenda através de um computador qualquer

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É incrível como a tecnologia tem avançado em poucos anos. No campo podemos ver cada vez mais máquinas espetaculares com milhões de comandos e controles automatizados, equipamentos de medição via GPS, ferramentas web para gerenciar custos e receitas entre outros. Mas ao mesmo tempo em que essas tecnologias avançam vemos que as pessoas, normalmente, não sabem a melhor forma de utilizá-las e integrá-las para realmente ter um controle total de monitoramento da propriedade e assim maximizar a utilização eficiente de equipamentos, melhoria de processos produtivos e consequentemente elevar a lucratividade do produtor.

Pensando nisso, resolvi organizar uma maneira (não que seja a única) de monitorar uma fazenda apenas através da tela de um computador. Para facilitar ainda mais o processo resolvi dividi-las em 7 passos que, em conjunto, farão com que o gestor agrícola possa tomar decisões com segurança a qualquer momento. São elas:

1- INVENTÁRIO:

Para o primeiro passo, é fundamental que se saiba o que existe na propriedade de fato. Não apenas máquinas e equipamentos são importantes. Apesar de possuírem elevado valor agregado, itens de menor valor como os estocados em almoxarifado, calcário e adubo (dependendo da quantidade) também são muito importantes porque custaram ao produtor.

Desta forma, inventariar tudo aquilo que está dentro da porteira é extremamente importante para começar um processo gerencial. Em uma operação agrícola como preparo de solo, plantio ou colheita, o inventário é de fundamental importância para que se conduza de forma otimizada a utilização mais eficiente de máquinas e de  insumos que determinados por recomendação agronômica.

2- CONTROLE DE ENTRADAS E SAÍDAS:

Controlar tudo aquilo que entra e sai da fazenda pode parecer algo trivial para gestores rurais, porém na maioria das vezes é um processo que causa muitos transtornos se não for realizado de forma organizada. É importante controlar o estoque de peças e insumos a fim de evitar elevado valor de capital imobilizado nas fazendas, o ideal é que se tenha um mínimo de estoque “just in time”, processo totalmente aplicável caso exista histórico de dados do controle de entradas e saídas.

Grandes propriedades contam com ERPs (enterprise resource planning) que são softwares que controlam toda a produção, porém grande parte da alimentação desses sistemas contam com o auxílio humano que podem errar, ou seja, o processo ainda não é totalmente automatizado. Em pequenas propriedades o caso é ainda mais problemático, porque o controle é feito por talões, cadernetas e na melhor das hipóteses planilhas do Excel.

Infelizmente para um controle eficaz do que realmente entra e sai de uma propriedade é preciso criar uma sistematização de operações e todas elas devem ser validadas para que alimentem sistemas de forma eficaz. (Vamos falar melhor sobre isso em um post nas próximas semanas)

O uso de papel ou planilhas não é recomendado nem para pequenas propriedades. Hoje em dia existem diversas opções de sistemas de gestão na nuvem digital que por uma pequena mensalidade possibilitam a automatização desse processo e o acompanhamento do fluxo de entradas e saídas de qualquer lugar do mundo.

É impossível avançar em monitoramento se não for possível acompanhar o que entra e sai da propriedade, portanto esse passo é determinante para o sucesso do projeto.

3- MAPEAMENTO DA PROPRIEDADE:

O fator espacial é essencial para que sejam entendidos os processos agronômicos de uma propriedade. Saber condições de fertilidade química, produtividade, teor de argila, capacidade de troca de cátions, incidência de pragas e doenças para cada metro quadrado da propriedade é de fundamental importância, para tanto, levantar mapear das unidade de produção geram informações importantes para o controle total da mesma.

Para fazer o mapeamento de uma propriedade são necessários equipamentos especiais, em breve falaremos deles, neste passo o mais aconselhado é contratar uma empresa especializada para fazer esse serviço.

Além de mapear limites da propriedade e das áreas de preservação (APP e RL) é importante fazer o mapeamento de talhões, estradas, tipos de solo e altimetria. Com essas informações em mãos o gestor pode controlar todos os talhões separadamente e assim agir de forma mais específica naqueles que possuem problemas.

Outra vantagem é que fazendo o mapeamento é mais fácil conseguir crédito e adequar-se a algumas leis como a que institui o CAR (Veja aqui mais sobre o CAR)

4- MAPEAMENTO DE PROCESSOS:

Entender cada um dos processos desde o planejamento do plantio até a destinação da colheita é extremamente importante, porém, não basta que apenas o gestor estenda tudo isso. Os processos precisam ser mapeados ou identificado em fluxogramas e documentados em aplicações de gestão.

Quanto mais específico e detalhado for o levantamento dos processos produtivos e logísticos, melhor será para a administração das unidades de produção. Com isso, existe uma grande oportunidade de melhorar cada um dos processos atuais e propor novos ao identificar os gargalos que possam existir desde o plantio até a colheita, ou ainda, destinação final da produção.

Um exemplo seria para a tomada de decisão em uma propriedade produtora de grãos para identificar a viabilidade econômica  de se construir uma unidade de beneficiamento de grãos, neste caso, o que entra em jogo é saber se é melhor ao empresário vender os grãos com impurezas e umidade implicando em descontos valor do produto ou se é vantajoso investir na unidade beneficiadora para agregar valor ao produto. Com alguns estudos é possível chegar a uma conclusão de viabilidade econômica e identificar se perdas de grãos úmidos e impurezas é suficiente para pagar um equipamento de secagem, beneficiamento e armazenagem dado um período de “Pay Back”.

Assim como no exemplo, inúmeros processos são necessários desde que é planejado plantar-se algo até o momento que recebe-se o dinheiro pela venda do mesmo, portanto existem inúmeras possibilidades de melhoria.

5- GERENCIAMENTO DE PESSOAS:

É muito comum ainda no meio rural a função do “faz tudo”, mas ao mesmo tempo está cada vez mais difícil a contratação de trabalhadores para o campo. Além de diversos fatores, a falta de especialização do trabalhador rural faz com que ele não tenha um plano de carreira e, assim, não veja perspectivas no trabalho rural.

Depois dos processos mapeados, é possível identificar qual profissional é necessário para se alocar a cada função e assim buscar ou formar mão-de-obra especializada para um determinado cargo.

A partir desse momento é possível saber o que a propriedade tem, o que ela faz e como ela faz e quem faz cada uma das tarefas e aonde elas acontecem. Ou seja, o controle está nas suas mãos e você consegue monitorar os processos da fazenda. Falta ainda monitorar as culturas em campo.

6- MONITORAMENTO DE CULTURAS:

O monitoramento das culturas depende de qual a cultura e qual a extensão do plantio, ela deve ser realizada através de sensores.

Em plantações de uva por exemplo, os sensores estão instalados na plantação e transferem dados remotos via wi-fi para uma central que levam esses dados para um sistema que transforma em informação para o gerente agrícola.

Em culturas plantadas em larga escala como por exemplo soja, milho e cana-de-açúcar, a instalação de sensores em campo pode ser inviável e assim são utilizados sensores remotos. Dependendo da escala é possível utilizar VANTS (leia mais aqui) e satélites (veja o trabalho da GeoCrop). Com o processamento das imagens e uso de dados climáticos são geradas equações que mostram a situação do campo em tempo quase real.

Ao fim dessa etapa é possível saber como andam os processos, as tarefas e a cultura. Para fechar o ciclo ainda é preciso entender como escoar a produção e qual o status desse serviço a qualquer momento.

7- RASTREAMENTO DA FROTA:

Ter todas as máquinas, veículos leves e caminhões equipados com sistemas de rastreamento faz que o gestor possa remanejar as mesmas sem que haja muitos traumas ao restante das operações, como por exemplo nas operações de colheita mecanizada de grãos para se determinar o número de transbordos e caminhões nas frentes de colheita. Outra forma de aplicação é o rastreamento de veículos a fim de que  deslocamentos desnecessários possam ser conhecidos.

PLATAFORMA DE INTEGRAÇÃO

Tendo em mãos todas essas informações é necessário integrar todas elas. O ideal é um ERP que tenha um viés espacial. Para isso existem as aplicações WebGIS. Elas possuem duas vantagens podem ser acessadas e editadas de qualquer dispositivo com acesso à web e possuem caráter espacial, ou seja, tudo é expresso em função da localização.

Esse é o jeito que nós da InteliAgro fazemos o monitoramento de propriedades. Você faz diferente? Escreva para nós e vamos trocar informações!

O que fazer quando tentarem pôr no TEU

A maioria das pessoas fica reativa quando ouve algo como o título acima, mas essa postura indica uma clara deficiência em conhecimentos sobre logística: o “TEU” – Twenty-foot equivalent unity, é o volume correspondente ao de um container de 20 pés, com medidas de 6,10m de comprimento por 2,44m de largura por 2,59m de altura, o que dá aproximadamente 39m³. Essa unidade equivalente, ou “módulo”, é utilizada para indicar capacidade de armazenagem e transporte nessa modalidade. Os tipos mais comuns de containers são:

Dry ou Bulk Container – container padrão para transporte de cargas gerais – itens de escritório, roupas, carros e produtos a granel.

Dry Container

High Cube Container  – possui 1 pé a mais em sua altura, aumentando a capacidade de carga

High Cube Container

  Refrigerated Container – com estrutura reforçada e melhor isolamento, possui um sistema próprio de refrigeração, que pode ser acionado por um gerador individual ou ligado a uma tomada.

Refrigerated Container

  Tank Container – basicamente é um tanque para contenção de líquidos e gases, envolvido por arestas de aço para permitir seu empilhamento

Tank Container

Ventilated container – possui aberturas nas partes superior e inferior para permitir a circulação permanente de ar. Utilizado principalmente para transporte  de produtos agrícolas, como café (no caso, ensacado)

Ventilated Container

  Open Top Container – parecido com o Dry Container, mas sua face superior é aberta, permitindo seu carregamento por cima. Pode ser fechado por uma lona posteriormente.

Open Top Container

  Open Side Container – segue o mesmo princípio do Open top, mas no caso é uma das laterais que é aberta.

Open Side Container

  Flat Rack Container – possui apenas as faces opostas longitudinalmente, que podem ainda ser dobráveis. Utilizado no transporte de cargas muito maiores que suas dimensões.

Flat Rack Container

  Veja como é muito mais comum colocarem coisas no TEU do que você imaginava! Em breve, analisaremos as vantagens de se utilizar o TEU para transporte e armazenagem dos mais variados objetos! Para mais informações sobre containers, acesse .

Curva de vendas de máquinas agrícolas

Você já reparou que em muitos assuntos relacionados ao comportamento humano obedecem um padrão? No comércio de máquinas agrícolas não é diferente, segundo dados divulgados pela Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, as venda oscilam de forma padrão ao longo do ano, sempre com baixas vendas entre novembro e fevereiro e picos de vendas entre abril e novembro, mas por que isso acontece? Observe o seu comportamento mensalmente:

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Os fatores são vários, podemos abordar os principais:

  • Períodos de safra e entre safra – A safra de verão inicia normalmente em meados de outubro e termina em março.
  • Financiamento – Os financiamentos normalmente acompanham o ano agrícola para liberação de crédito.
  • Contas à pagar – Pagamento de funcionários, décimo terceiro e premiação no final do ano comprometem a compra de máquinas neste período do ano.

Para fabricantes e revendas de máquinas agrícolas, saber o comportamento do mercado é de fundamental importância para o planejamento de total da produção seja ela em recursos humanos, seja ela em recursos materiais.

O número de máquinas agrícolas comercializadas vem aumentando ano a ano, vale lembrar que os dados da Anfavea são para máquinas automotrizes que, por conseguinte, possuem maior valor agregado,  isso demostra elevação do nível tecnológico na agricultora e do poder aquisitivo do agricultor, observe a elevação do número de vendas anualmente:

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A tendência de vendas de máquinas para este ano também é otimista, se tudo ocorrer conforme o esperado, a expectativa é pelo menos manter os números de 2013.

Os dados só confirmam que o agronegócio ainda é a locomotiva da economia Brasileira.

A nova cor do campo

estufa luz led

 

Quem já dirigiu pelas principais rodovias do estado de São Paulo deve ter notado a presença de constante de estufas iluminadas com milhares de luzes amarelas, lembrando aquelas festas do padroeiro de cidade do interior. Com o avanço e barateamento da microeletrônica, é possível que, ainda nesta década, este ambiente bucólico seja substituído pelo impessoal, mas eficiente, purpura das luzes LED.

As lâmpadas atualmente utilizadas no cultivo protegido (incandescentes e vapor de sódio) emitem grande parte da sua energia na frequência do infravermelho e uma pequena parcela espalhada no espectro visível, desperdiçando uma enorme quantidade de energia em comprimentos de onda que não são utilizados no metabolismo da planta (Figura 1).  Em contrapartida, os diodos emissores de luz (em inglês LED) permitem um enorme controle da distribuição espectral da luz, da intensidade e do fotoperíodo, resultando em significativa economia de energia elétrica e otimização do crescimento vegetal.

Figura 1: Espectro de absorção da clorofila e dos pigmentos antenas
Figura 1: Espectro de absorção da clorofila e dos pigmentos antenas

A baixa penetração desta nova tecnologia está no alto custo de implantação do sistema, o que faz os produtores ponderarem sobre seus benefícios. Em estudos conduzidos na Universidade de Hannover (Alemanha), foi comparado o ciclo de vida das lâmpadas tradicionais com as LED no cultivo protegido e ficou clara a vantagem do segundo sobre o primeiro: o custo cumulativo das lâmpadas de vapor de sódio em alta pressão ultrapassaram o do LED nos primeiros 7 anos de implantação, principalmente pelo fato de as lâmpadas de vapor de sódio necessitarem reposição anual, enquanto as LED tem uma vida útil de 19 anos.

Com uma potência elétrica de apenas um décimo da sua equivalente em vapor de sódio, a iluminação LED significa mais do que economia de energia: ela permite uma maior independência dos crescentes custos de eletricidade, melhor otimização do crescimento vegetal e viabiliza a produção próxima aos grandes centros consumidores, reduzindo custos de transporte e oferecendo um produto mais fresco ao consumidor. A tecnologia está disponível e não vai demorar a  alterar nossa paisagem noturna.

Este texto foi baseado no artigo “LEDs for Energy Efficient Greenhouse Lighting” de Devesh Singh da Universidade de Hannover.