Setor de compras funciona à base do chicote

Calma! Não é o que você está pensando! Vamos esclarecer algumas coisas…

O “Efeito Chicote” (Bullwhip Effect) é um fenômeno logístico que faz com que pequenas variações de demanda no nível do consumidor final de uma rede de suprimentos amplifiquem-se conforme as informações são transmitidas para os níveis precedentes.  Tomemos um exemplo para ilustrar.

Integrantes da Rede: Fornecedor, Fabricante, Distribuidor, Varejista e Consumidor final.

Suponhamos que os quatro primeiros integrantes tenham uma política de manter um estoque de um mês de sua demanda corrente, ou seja, um aumento da demanda em um determinado mês implica em um ajuste equivalente no estoque para o mês subsequente.  Vamos tomar também uma demanda hipotética de “50 unidades” estável ao longo de alguns meses.

O cenário não parece muito assustador até aqui. Afinal é preciso apenas um mês para que os estoques e demandas sejam novamente estabilizados caso ocorra alguma variação. Será mesmo?

Note que um aumento de 3 unidades na demanda do consumidor requer um aumento de 3 unidades na demanda direta do Varejista, mais 3 unidades para adequar o estoque deste ao novo cenário, o que implica em um aumento de demanda de 6 unidades para o Distribuidor.

No mês seguinte, a demanda do consumidor continua 53 unidades, bem como o estoque do Varejista. Mas no estoque do Distribuidor constam 56 unidades, pois esta era a demanda aparente do Varejista. Já consegue visualizar o que vai acontecer com as demandas ao longo da rede e do tempo? Analisemos:

 

Mês Consumidor Varejista Distribuidor Fabricante Fornecedor
Pedido Estoque Pedido Estoque Pedido Estoque Pedido Estoque Pedido
1 50 50 50 50 50 50 50 50 50
2 53 53 56 56 62 62 74 74 98
3 53 53 53 53 50 50 38 38 2
4 53 53 53 53 53 53 56 56 74
5 53 53 53 53 53 53 53 53 50
6 53 53 53 53 53 53 53 53 53

E se você ainda tem alguma dúvida quanto ao por quê do nome “Chicote”, observe os gráficos dos valores de pedidos (demanda) e estoques ao longo de seis meses.

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Note como a amplitude das variações de pedidos e tempo necessário para estabilização dos estoques aumentam conforme “subimos” nos níveis da rede.

No próximo post sobre o Efeito Chicote, serão abordadas causas e impactos deste fenômeno na rede de suprimentos.

Os conceitos aqui expostos são aborados por CORREA, H. L., no livro GESTÃO DE REDES DE SUPRIMENTOS, Cap 8, pag233 à 235 Editora Atlas

Os salários de Agrônomos e Engenheiros Agrícolas em 3 países.

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Alguns dias atrás, após ler algumas notícias sobre a intenção do governo dos EUA em aumentar o valor do salário mínimo, tive a curiosidade de pesquisar o salário médio anual pago aos Agrônomos e aos Engenheiros Agrícolas, tanto no Brasil quanto nos EUA e Reino Unido. Aqui vai o resultado:

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                                                                                Conversões de moedas feitas na data da publicação .  

Entre profissões, as diferenças salariais são poucas, principalmente pelo fato de uma ser complementar à outra. Todavia a diferença é enorme quando a comparação é feita entre países, nos lembrando de que, apesar da agricultura ter um papel importantíssimo na economia brasileira, os profissionais do campo ainda não conquistaram o reconhecimento que merecem.

 

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Entenda o que é o CAR (Cadastro Ambiental Rural) em 3 frases

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Independente da área que você atua dentro do agronegócio, com certeza já deve ter ouvido falar no CAR. Mas o que é realmente esse cadastro? Ele vai influenciar sua vida profissional? Tentamos sintetizar aqui em três frases o que o CAR vai fazer para que você entenda sem ter de ler milhões de fontes diferentes. São elas:

1- É um registro eletrônico;


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Como o problema cartorário no Brasil até hoje não foi solucionado, ou seja, não existe uma base única e digital e até então é permitido o registro de obrigações ambientais em cartório, o CAR surgiu como uma iniciativa paralela para resolver esse problema. A intenção é digitalizar as propriedades com rios, topos de morro, escarpas e etc a fim de o país ter uma base de suas propriedades e suas características. Esse processo será retificado através de imagens de satélite de alta resolução.

2- Visa integrar toda a base ambiental no que tange propriedades rurais;

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Não existe nenhuma base nacional de propriedades rurais e obrigações ambientais. Desta forma o CAR pretende montar essa base de maneira “colaborativa”. Isso é feito obrigando-se o produtor a cadastrar sua propriedade em um sistema (SISCAR) que unirá todas as informações estaduais e assim criando uma base nacional de dados ambientais.

3- Tem a intenção de monitorar os produtores para que respeitem o código florestal.

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A grande intenção de criar esses registros é fazer com que as legislações ambientais sejam cumpridas. O código florestal que traz consigo o CAR. Com esse cadastro os produtores que estão com passivo ambiental terão de aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) do seu estado para poder estar regularizado.

Esse cadastro traz alguns problemas como supor que os pequenos produtores tenham familiaridade com imagens de satélite e formatos de arquivos espaciais digitais (shapefiles). O que o CAR vai gerar de problemas e soluções será visto nos próximos meses.

Entenda os benefícios da pesquisa de mercado agrícola

Uma das maiores ferramentas para dimensionamento de mercado e posicionamento de produtos, a pesquisa de mercado também oferece benefícios ao agricultor a curto e longo prazo e garante à minoria a possibilidade de atingir as grandes indústrias.

Saiba como você pode se beneficiar respondendo à um questionário destas instituições/empresas.

 

Destaque para pragas/daninhas/doenças:

 

Através da pesquisa é possível alertar aos setores de P&D das empresas a necessidade de desenvolver novos defensivos específicos para determinados alvos resistentes. Poucas pessoas sabem disto, mas as empresas tem um acesso muito baixo a este tipo de informação e necessitam de uma fonte de informação complementar.

Atendimento ao cliente:

 

Através de perguntas qualitativas, é possível identificar pontos de melhoria no serviço de distribuição e relacionamento ao cliente. As empresas estão preocupadas em entender as causas de possíveis quedas de faturamento e o agricultor preocupado em ser bem atendido. 

Melhoria contínua:

 

A pesquisa de mercado estimula os concorrentes a buscarem novos produtos cada vez mais eficientes. Esta competição é benéfica ao agricultor que dispõe sempre do que há de mais sofisticado.

Caixinha de sugestões:

 

Sabe aquela cabine com ar condicionado, GPS? Aquele bico de pulverização que não entope? A maioria das melhorias que ocorreram no meio rural também são provenientes sugestões feitas pelos próprios agricultores. Ninguém entende mais da necessidade do proprietário rural do que ele mesmo.

 

 

O agricultor tem uma importante ferramenta para potencializar seus principais instrumentos de trabalho. Esta é a pesquisa de mercado.

Aprenda o jeito certo de calcular Reserva de Torque

Como foi visto no post anterior, a reserva de torque é um valor relativo à elevação do torque do motor. Numericamente falando a reserva de torque representa a elevação de torque a partir do valor do torque na potência máxima até o torque máximo, é nesta faixa de rotação que realizamos quase todas as operações agrícolas, vejamos na equação e no gráfico novamente:

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Sem títuloO cálculo é muito simples, a pergunta agora é: Como estas curvas são obtidas?

Você já ouviu falar em dinamômetro? Existe um modelo em especial utilizada para levantar curvas de torque e potência de tratores a partir da tomada de força do trator. Ela nada mais é do que um freio dinamométrico instrumentado que freia o motor indiretamente através da tomada de força, obtendo dados de torque e rotação, a potência fica por conta do produto destes dois fatores, não se esqueça de utilizar as unidades corretas para os cálculos.

Então como o freio dinamométrico funciona?

Muito simples, veja o esquema a seguir:

Sem título1

A cinta freia o eixo e resultando em uma força resultante em “F” obtida normalmente por um célula de carga, a leitura da rotação é obtida por um sensor indutivo a partir de então o programa pode calcular torque, rotação e potência e ainda plotar as curvas.

É extremamente importante, para que as operações agrícolas sejam bem feitas, que os dados sejam levantados e gerem informações sólidas para que os engenheiros indiquem como proceder. Você já passou por alguma situação dessas? Nos escreva!

Seria a produção orgânica melhor que a convencional?

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Quando nos deparamos com algum alimento orgânico na prateleira imediatamente temos a sensação de estar diante de algo melhor para a saúde e para natureza. Seria isto verdade? Ao menos para ambientes de zonas tropicais, estudos apontam que não!

Entre 2004 e 2005, inúmeras pesquisas concluíram que as fazendas orgânicas abrigavam mais espécies silvestres como pássaros, insetos e plantas (aproximadamente 30% mais) do que as baseadas em métodos convencionais. Entretanto há um problema:  cerca de três quartos destas pesquisas foram feitas em fazendas da Europa,  mesmo que a maior parte da produção orgânica não ocorra lá. Já nas zonas tropicais, nenhuma atenção foi dada, mesmo sendo as culturas de cacau e bananas importantes nos cultivos orgânicos.

Muitas das espécies vegetais que se beneficiam dos cultivos orgânicos na Europa evoluíram por muitos séculos  ao lado dos cultivos intensivos, que eram efetivamente orgânicos até pouco depois da II Guerra Mundial. Já para a fauna e flora nas regiões tropicais falta esta relação histórica com a agricultura intensiva, fazendo com que ela se beneficie menos.

De fato, a produção orgânica nos trópicos pode ser mais prejudicial para as espécies silvestres do que se imagina, já que a produtividade é menor.  Com isso, mais  áreas serão necessária para produzir a mesma quantidade de alimento e, consequentemente, mais habitats naturais serão perturbados.

A referência para este artigo foi uma publicação na NewScientist em fevereiro de 2014.

O que você precisa saber sobre Reserva de Torque

Você que já teve contato com trabalho agrícola em especial com a utilização de tratores, ou que procurou o melhor trator para adquirir já deve ter ouvido falar em Reserva de Torque. A final, o que é reserva de torque? Por que ela é tão importante para a escolha de um trator?

No catálogo dos fabricantes de tratores, cada modelo vem especificado suas características como por exemplo potência, torque, rotação e reserva de torque, mas afinal, o que é esta tal reserva?

Reserva de torque é uma característica presente e importante principalmente em tratores agrícolas. Ela representa a “elasticidade” do motor em uma operação de trabalho na qual o motor perde rotação em um esforço adicional, porém, o recupera através da elevação do torque do motor. A grosso modo, quando o motor começa a perder rotação em seu trabalho o torque do mesmo aumenta até um limite na qual chamamos de torque máximo e por fim o governador (mecânico ou eletrônico) trabalha em débito máximo.

Não é uma regra mas normalmente em operações de trabalho pesado, é recomendado que o trator trabalhe em rotação nominal, próximo da rotação máxima para ser mais prático, neste ponto encontra-se a potência máxima porém não o torque máximo. Não entendeu? Veremos no gráfico de curva de motor:

Sem título

Numericamente falando a reserva de torque representa uma relação de torques, melhor dizendo, representa em valores percentuais a elevação de torque a partir do torque na potência máxima até o torque máximo, é nesta faixa de rotação que realizamos quase todass a operações agrícolas.

Quer saber mais sobre reserva de torque?

Aguarde os próximos textos.

5 imagens que farão você pensar em um Engenheiro Agrícola.

O que faz um Engenheiro Agrícola? É a mesma coisa que Engenheiro Agrônomo? Já tive que responder essa pergunta pelo menos uma centena de vezes. A diferença pode parecer pequena aos olhos de quem não é da área, porém, são profissões distintas e complementares.

O Engenheiro Agrícola tem uma formação muito forte em exatas, tendo todas as matérias básicas de engenharia no currículo. Os Engenheiros Agrônomos ou Agrônomos têm uma formação biológica muito forte, desta forma entendem melhor as plantas e suas interações com o ambiente.

Para que você entenda melhor o que o Engenheiro Agrícola pode fazer, seguem 5 imagens que você com certeza já viu ou virá na sua vida e que remetem às nossas atribuições:

1- Colhedoras de soja em formação de flecha:

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Revistas adoram essa imagem para ilustrar a prosperidade da soja no Centro-Oeste. Na realidade isso não existe, não há motivos em colher uma área de uma vez só. Uma máquina é capaz de fazer isso com uma agilidade aceitável, mas com certeza você já viu ou verá essa cena e vai saber que é apenas uma estratégia de marketing.

2- Pivô Central:

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Você está andando pela estrada e vê uma barra gigante sobre uma plantação e não imagina o que ela faz. Essas barras servem para irrigar grandes áreas de uma forma relativamente rápida. Essas barras caminham até girarem 360º e vão irrigando a área ao longo do trajeto. Engenheiros Agrícolas são responsáveis por projetar esses equipamentos e planejar quando eles devem ser ligados.

3- Mapas de Culturas Agrícolas:

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Mapinhas que aparecem na televisão, que estampam folders ou que estão em revistas com as áreas plantadas de soja, milho, café, cana são feitos a partir de imagens de satélite e para interpretar essas imagens e transformar dados em informação é outra tarefa dos Engenheiros Agrícolas.

4- Silos:

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Estruturas gigantes que muitas vezes te fazem imaginar o que tem lá dentro. Pode ter soja, milho, trigo… Eles servem para estocar grãos por um período de tempo longo. Projetar essas estruturas para que suportem uma quantidade gigantesca de grãos e evitar que eles estraguem, também é nossa função.

5- Soja perdida na estrada:

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Se viajou para o Paraná ou para o Centro-Oeste já deve ter visto nos acostamentos das estradas umas bolinhas amarelas. Essas bolinhas são grãos de soja que se perderam por conta de um transporte ineficiente e péssimas condições das rodovias. Projetar mecanismos que diminuam essas perdas é nossa função e nosso desafio como Engenheiros Agrícolas.

Tenho certeza que quando você encontrar essas cenas no futuro vai lembrar do que leu aqui! Tem mais alguma cena que te remete a Eng. Agrícolas?

O Brasil é o “Celeiro do Mundo”?

“Brasil – o Celeiro do Mundo”. O célebre slogan da era Vargas é aceito pela maioria sob a justificativa do crescente desempenho do Brasil no cenário agrícola mundial. De fato, avanços nas áreas de mecanização, desenvolvimento de insumos e genética promoveram o aumento de resistência e produtividade das culturas vegetal e animal, colocando o País entre os maiores – quando não, como “o maior” – produtores e exportadores de açúcar, café, milho, soja, laranja e carne bovina.

No entanto, para quem está imerso no mundo da logística, o título de “celeiro” parece ser um tanto inadequado: tecnicamente, “celeiro” designa uma construção para armazenagem de produtos agrícolas. E embora o desempenho nacional na produção agrícola seja elogiável, não se pode dizer o mesmo da nossa infra estrutura de armazenagem. O país carece de locais para acondicionamento estático dentro das áreas de produção – comumente encontrados nas potências agrícolas como os EUA – ficando esta tarefa para as cooperativas.

Celeiro dentro da propriedade agrícola - imagem típica nos EUA

O resultado? Após a colheita, não havendo locais adequados para armazenagem, o produto é imediatamente embarcado em caminhões, que descem em ritmo frenético para os portos de Santos e Paranaguá, gerando extensas – e demoradas – filas. O acondicionamento inadequado nestes “celeiros sobre rodas” acelera a deterioração dos produtos e causa o estresse nas rodovias com o qual estamos acostumados, embora inconformados.

Fila de caminhões na descida para Santos na safra da soja em 2013 - fonte VEJA

Da próxima vez que ficar preso numa singela fila como a da foto, você vai se lembrar por que o Brasil não é o “celeiro do mundo”…

Planejamento de Cooperativas para o Recebimento do Trigo

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Este ano o plantio de trigo no estado do Paraná terá sua área aumentada em virtude do preço desta commoditie na bolsa de Chicago. Muitos agricultores que antes destinavam parte se suas terras durante o período de inverno para pousio ou adubação verde, agora apostam na cultura que teve o preço elevado em 15 % desde o começo do ano. O clima também tem sido favorável até o momento fazendo com que os produtores sintam mais segurança para o plantio. Se tudo ocorrer conforme o esperado, a produção de trigo será 20% maior em relação ao ano passado.

Um problema enfrentado, principalmente no estado do Paraná onde existe cooperativas agrícolas, é que estas recebem os grãos de seus cooperados todos de uma vez, assim elas trabalham acima da capacidade em alguns períodos e ficam ociosas em outros. A pergunta é:

É possível prever o volume e quando o trigo será colhido?

Sim, atualmente existem tecnologias e ferramentas que por imagens de satélite calculam uma estimativa de produção bem como o período de senescência da cultura dentro de uma área pré determinada. Com isso é possível planejar equipes de trabalho, frotas de caminhões e dimensionamento de moegas e armazenadores nas unidades de beneficiamento bem antes desses grãos chegarem lá. Ou seja, esse aumento na produção já previsto agora pode gerar muito mais ganhos na época da colheita desde que o planejamento seja bem feito.