Quem já dirigiu pelas principais rodovias do estado de São Paulo deve ter notado a presença de constante de estufas iluminadas com milhares de luzes amarelas, lembrando aquelas festas do padroeiro de cidade do interior. Com o avanço e barateamento da microeletrônica, é possível que, ainda nesta década, este ambiente bucólico seja substituído pelo impessoal, mas eficiente, purpura das luzes LED.
As lâmpadas atualmente utilizadas no cultivo protegido (incandescentes e vapor de sódio) emitem grande parte da sua energia na frequência do infravermelho e uma pequena parcela espalhada no espectro visível, desperdiçando uma enorme quantidade de energia em comprimentos de onda que não são utilizados no metabolismo da planta (Figura 1). Em contrapartida, os diodos emissores de luz (em inglês LED) permitem um enorme controle da distribuição espectral da luz, da intensidade e do fotoperíodo, resultando em significativa economia de energia elétrica e otimização do crescimento vegetal.
A baixa penetração desta nova tecnologia está no alto custo de implantação do sistema, o que faz os produtores ponderarem sobre seus benefícios. Em estudos conduzidos na Universidade de Hannover (Alemanha), foi comparado o ciclo de vida das lâmpadas tradicionais com as LED no cultivo protegido e ficou clara a vantagem do segundo sobre o primeiro: o custo cumulativo das lâmpadas de vapor de sódio em alta pressão ultrapassaram o do LED nos primeiros 7 anos de implantação, principalmente pelo fato de as lâmpadas de vapor de sódio necessitarem reposição anual, enquanto as LED tem uma vida útil de 19 anos.
Com uma potência elétrica de apenas um décimo da sua equivalente em vapor de sódio, a iluminação LED significa mais do que economia de energia: ela permite uma maior independência dos crescentes custos de eletricidade, melhor otimização do crescimento vegetal e viabiliza a produção próxima aos grandes centros consumidores, reduzindo custos de transporte e oferecendo um produto mais fresco ao consumidor. A tecnologia está disponível e não vai demorar a alterar nossa paisagem noturna.
Este texto foi baseado no artigo “LEDs for Energy Efficient Greenhouse Lighting” de Devesh Singh da Universidade de Hannover.