“Brasil – o Celeiro do Mundo”. O célebre slogan da era Vargas é aceito pela maioria sob a justificativa do crescente desempenho do Brasil no cenário agrícola mundial. De fato, avanços nas áreas de mecanização, desenvolvimento de insumos e genética promoveram o aumento de resistência e produtividade das culturas vegetal e animal, colocando o País entre os maiores – quando não, como “o maior” – produtores e exportadores de açúcar, café, milho, soja, laranja e carne bovina.
No entanto, para quem está imerso no mundo da logística, o título de “celeiro” parece ser um tanto inadequado: tecnicamente, “celeiro” designa uma construção para armazenagem de produtos agrícolas. E embora o desempenho nacional na produção agrícola seja elogiável, não se pode dizer o mesmo da nossa infra estrutura de armazenagem. O país carece de locais para acondicionamento estático dentro das áreas de produção – comumente encontrados nas potências agrícolas como os EUA – ficando esta tarefa para as cooperativas.
O resultado? Após a colheita, não havendo locais adequados para armazenagem, o produto é imediatamente embarcado em caminhões, que descem em ritmo frenético para os portos de Santos e Paranaguá, gerando extensas – e demoradas – filas. O acondicionamento inadequado nestes “celeiros sobre rodas” acelera a deterioração dos produtos e causa o estresse nas rodovias com o qual estamos acostumados, embora inconformados.
Da próxima vez que ficar preso numa singela fila como a da foto, você vai se lembrar por que o Brasil não é o “celeiro do mundo”…