Como suprir a demanda por alimentos em um mundo em transformação que abrigará 10 bilhões de pessoas daqui a 50 anos? Se você pensou com pequenos passos, acertou. Na agricultura, a engenharia genética começa a mostrar seu potencial, alterando a maneira que cultivamos nossos alimentos e como produzimos matérias primas. Se as transformações dos séculos XIX e XX ocorreram nas trilhas de grandes máquinas, as transformações atuais mal serão vistas, no entanto seus impactos serão gigantescos.
Modificar a genética de um ser vivo não é algo recente, há milênios que os humanos escolhem os melhores grãos para o próximo plantio ou a melhor cor de uma cenoura para homenagear a casa real holandesa. Todavia, estas alterações dependem mais da aleatoriedade da mutação genética do que do planejamento delas. A grande revolução que estamos vivendo surgiu a partir das novas ferramentas de manipulação do código genético dos seres vivos, tornando as alterações das características mais precisas e praticamente instantâneas.
Com a crescente demanda por alimentos e matérias primas, as culturas estão sendo projetadas para resistirem à ação de pragas, herbicidas e condições climáticas adversas, reduzindo os custos de produção e aumentando a produtividade da lavoura. Um exemplo é a soja resistente ao glifosato, permitindo que a ação do herbicida seja restringida às plantas invasoras e que as plantas cultivadas se desenvolvam sem interferência. Outra mostra recente do que a engenharia genética é capaz está na alteração dos genes do choupo (árvore presente em florestas boreais) para que ela produza menos lignina e mais açúcares, facilitando o processamento enzimático e aumentando a produção de biocombustíveis.
Apesar de toda expectativa que esta tecnologia oferece, é preciso fazer uso da cautela para que as coisas não fujam do controle. Chegará o momento em que o amadurecimento da tecnologia nos permitirá produzir mais alimentos com menos recursos, trazendo benefícios para os bilhões que hoje passam fome mas sem agredir o meio ambiente.